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Preparação Abril Indígena

                Dia 24-03 começamos nossa preparação para o evento já tradicional que realizamos em parceria com o PET-Indígena (Conexões de Saberes), o Abril Indígena.
               Nossa oficina aconteceu na Sala de Dança do Curso de Educação Física/UFAC, onde pudemos organizar nosso planejamento, cronograma, executar as atividades e testar os materiais para os novos brinquedos que iremos utilizar.
                 Partimos da pesquisa realizada pela Profa. Dra. Artemis Soares[1], junto aos povos Tikuna do Alto Rio Negro (AM). As brincadeiras envolvem uma boa variedade de formações como colunas, fileiras, rodas, e ações como corridas, pega-pega e esconde-esconde, utilizando figuras de animais locais como o gavião e a onça além de figuras mitológicas como o curupira.
               Começamos com a brincadeira "sol e lua" ou "üacü rü tawemüc’ü". Segundo a professora Artemis:

Essa brincadeira também é conhecida em outras localidades com outros nomes como Passará de bombaré. As crianças ficam dispostas em coluna por um, segurando na cintura do que está à frente. Duas outras crianças, representando o sol e a lua, fazem uma "ponte", mantendo as mãos dadas acima. Cantando, as crianças passam sob a ponte várias vezes. Numa das vezes o Sol e a Lua prendem o último ou os dois últimos. Perguntam-lhes para que lado querem ir. A criança escolhe e vai colocar-se atrás do Sol ou da Lua. E assim continuam até terminar. Quando todas as crianças passam, têm-se dois partidos. A duplas mantém os braços dados, e todos se mantêm segurando na cintura do colega da frente. Vão puxar-se, para ver que partido ganhará. Ganhará aquele grupo que conseguir "puxar" o outro. E puxam várias vezes, marcando ponto para quem consegue derrubar ou desarticular o outro partido. Nesse jogo vê-se não somente o uso da força. Surge a questão do poder de decisão, que é colocado em evidência. É dada à criança a opção de escolha do partido ao qual quer pertencer. Além disso, é também trabalhada a noção de equipe, de conjunto, pois é todo um partido fazendo força para puxar o outro partido.

(sol e lua)

               Em seguida brincamos de "gavião e galinha" ou "o’ta i inyu". De acordo com a professora Artemis:
Uma criança mais forte é escolhida para ser o gavião, ave forte e comedora de pintinhos. Outra criança representa a galinha, que fica de braços abertos, tendo atrás de si todos os seus pintinhos. O gavião corre para tentar comer um dos pintos, mas só pode pegar o último. A galinha tenta evitar dando voltas e mais voltas, impedindo que o gavião pegue seu pintinho. O gavião só pode pegar o pinto pelos lados e não pode tocar por cima. Quando ele consegue, come o pintinho, ou seja, a criança fica de fora da brincadeira. Algumas vezes a criança passa a ser também gavião.

(gavião e galinha)

               Fizemos então um momento de discussão da vivência e descontração do grupo para retomar com mais vontade de brincar e aprender.


                    Brincamos também de "melancia" ou "woratchia". A pesquisadora  Artemis Soares relata que:
As crianças representam as melancias, espalhadas pelo terreno. Existe o dono da plantação de melancias, que fica cuidando, com dois cachorros. Existe outro grupo, que representa os ladrões, que vêm devagar, e experimentam as melancias para saber quais estão no ponto de colheita, batendo com os dedos na cabeça das crianças. Quando encontram uma melancia boa, saem correndo com ela. É aí que o cachorro corre atrás do ladrão para evitar o roubo.
                                                                     (melancia)
              
Depois passamos a fazer a brincadeira "briga de galo" ou "ota arü nü". Soares informa que:
As crianças organizam-se aos pares, em apoio numa das pernas, segurando no tornozelo da perna livre flexionada para trás. A outra mão fica ao peito. Ao sinal, uma criança tenta desequilibrar a outra, empurrando com o ombro. Ganhará aquele que conseguir ficar mais tempo em equilíbrio, ou seja, aquele que levar menos tombos. Vê-se que este é um jogo de disputa acirrada. Entram aqui as qualidades de equilíbrio, força e atenção. Cada criança quer manter-se de pé, e faz de tudo para derrubar o colega. Um não pode perder o controle sobre o outro, sob pena de ser derrubado.

                                                                     (briga de galo)
               Os bolsistas do PET-Indígenas nos ensinaram a fazer diferentes trançados do jogo conhecido como "jogo da vida", "cama de gato", "jogo do fio".



               A professora de Educação Física Denise Guerra[1], nos informa que:

A cama-de-gato é uma brincadeira com barbante. Consiste em trançar um cordão entre os dedos das duas mãos e ir alterando as figuras formadas. Os vestígios históricos apontam sua origem provável para as regiões asiáticas, africanas ou ainda para os povos pré-colombianos das Américas. A brincadeira é praticada em diversas partes do mundo. Atualmente nossas crianças brincam trançando elásticos nas pernas que poderia ser uma versão mais moderna do jogo dos fios.
A brincadeira pode ser feita por uma pessoa apenas, mas, também pode ser feita em duplas, trios ou grupos maiores.


               Estiveram conosco neste dia, além dos bolsistas a tutora do PET-Indígena - profa. Célia Collet - e a profa. Aleta Dreves, colaboradora do PET-EF desde 2008.

                                                (Célia, Socorro, Aleta)

                             Foi mais um dia de trabalho e diversão.
                                                                


                                                      














              




[1]  Professora associada na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), atuando na área de Antropologia do Desporto, com ênfase em temas voltados a diversidade cultural e estudos sócio-culturais-desportivos, além de corporeidade e rituais dos povos indígenas e atividade física escolar. Graduada em Educação Física e Letras pela Universidade Federal do Amazonas, realizou mestrado em Educação Física pela USP e doutorado em Ciências do Desporto na Universidade do Porto. Realizou Pós-Doutorado (1) na Université Paris-Descartes (França), com investigação sobre “Jogos Tradicionais de Povos da Amazônia” sob a coordenação do Prof. Dr. Pierre Parlebas. Em seguida realizou Pós-Doutorado (2) na Université Rennes (França), onde desenvolveu estudos centrados na prática de futebol pelos indígenas. E atualmente realiza Pós-Doutorado (3), na Université Rennes, com foco na Didática da Ginástica Rítmica.

2 comentários:

Patrícia Menezes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Socorro Craveiro disse...

Oi Patricia, dá um alô pra gente. Abração, Socorro Craveiro.

Patrícia Menezes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Socorro Craveiro disse...

Oi Patricia, dá um alô pra gente. Abração, Socorro Craveiro.

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