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PET-EF/UFAC-Cultura Corporal Indígena

                Iniciamos esta semana o Ciclo de Palestras "Cultura corporal indígena", destinado a estudantes de Ensino Médio das escolas de Rio Branco. Nesta primeira fase: Elozira Thomé, Theodolina Falcão e João Aguiar.
           A temática da diversidade etno-cultural na Educação Física pode ser abordada a partir da Lei n. 11.645 de 10 de março de 2008, que altera a LDBEN (9394/96), incluindo no currículo oficial da rede de ensino a  obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-brasileira e Indígena".
          Assim, o art. 26-A da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passou a vigorar com a seguinte redação:

Art. 26-A.  Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1o  O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
§ 2o  Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.”
          O convite para estas palestras partiu do professor de Educação Física Gualter Craveiro que ministra esta disciplina na Educação de Jovens e Adultos (EJA) noturno em diversos estabelecimentos da rede estadual de ensino.
          Iniciamos o ciclo de palestras na Escola Elozira Thome, no dia 11 de junho/2013.
           A temática foi dividida em 5 tópicos:
  1. Conceituação e definição de cultura corporal;
  2. Tematização da cultura corporal na escola: jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas, mímicas, expressões corporais;
  3. As práticas corporais indígenas;
  4. Jogos indígenas.
            No que se refere ao conceito de cultura corporal, buscamos mostrar aos estudantes que todas as sociedades possuem cultura corporal, mas, nem todas possuem educação física e, consequentemente procedemos a uma definição e diferenciação destes dois termos.
Bolsistas do PET-EF em atividade anual do "Abril Indígena" (na foto realizando a brincadeira gavião e pintinhos) nas dependências da UFAC (Curso de Educação Física/Bloco Walter Félix).
 
            Mostramos que os seres humanos criaram no decorrer de sua história diversos tipos de práticas corporais, de maneira a garantir sua sobrevivência no planeta, enfrentando as dificuldades naturais e desenvolvendo soluções no cotidianos para atender suas necessidades básicas: alimentação; proteção da prole; domesticação de animais; controle do fogo; construção de abrigos; fabrico de ferramentas, armas e utensílios; o desenvolvimento de técnicas de cultivo; as celebrações; a linguagem verbal e não-verbal; e o desenvolvimento da escrita que possibilitou a comunicação, o registro e difusão de informações para a construção de conhecimentos (ALBUQUERQUE, 2011[1]).


Quebra-cabeça linha do tempo em espiral
 
           Assim, podemos dizer que as práticas corporais são culturais. Ou seja, todas as sociedades ou grupos humanos produzem cultura corporal, pois, ela é o resultado de conhecimentos sobre o corpo que foram acumulados pela humanidade. Tais conhecimentos foram produzidos na relação dos seres humanos entre si e com a natureza, de modo a obter respostas satisfatórias às necessidades humanas (sobrevivência, fome, sede, proteção dos filhos, abrigo, diversão, culto), como já vimos.
 
Corrida de toras
Foto: Edison Bueno
 
 
 
 
 
 
 
 
           Portanto, a cultura corporal se manifesta em diversos tipos de práticas corporais, tais como: as danças; os esportes; as lutas; as ginásticas; as dramatizações; as mímicas; os jogos.
          A educação física, por sua vez, é a disciplina que tematiza na escola os elementos da cultura corporal.
 


         Após a definição e conceituação do tema, projetamos um documentário produzido pelo Ministério da Cultura e Ministério do Esporte que trata dos Jogos dos Povos Indígenas [2].
         O vídeo apresenta comentários dos idealizadores deste evento cultural brasileiro - os irmãos Carlos e Marcos Terena - bem como informações sobre a organização, infraestrutura e condições de realização deste acontecimento.
        Para os idealizadores dos Jogos dos Povos Indígenas:
            "O importante não é competir, e sim, celebrar"
Em sua sabedoria milenar, a cultura indígena valoriza muito o celebrar. Suas festas são manifestações alegres de amor à vida e a natureza. Têm como referência em suas tradições a espiritualidade, que é a dimensão da vida criada por um ser superior, tendo nos elementos da natureza - árvores, pássaros, animais, rios, lagos, matas - a grandeza da vida.

Essa tradição não tem sentido de coisa passada e sim na busca da memória, que é transmitida e atualizada de geração a geração, respeitando-se assim esses valores, adquirindo o dom da partilha em comemorar uns com os outros, vivendo a gratuidade do festejar.

Com a chegada da "nova civilização", as comunidades indígenas criaram outros mecanismos políticos, sociais e econômicos. Foi desse contexto que nasceu a ideia da criação dos Jogos dos Povos Indígenas, um segmento que nunca fora antes pensado, cuja função e objetivos ganham cada vez mais o caráter de composição da grande família. Todos participam, promovendo a integração entre as diferentes tribos com sua cultura e esportes tradicionais.

Nasce um novo conceito de se fazer, conhecer e se estabelecer uma relação de igualdade com a sociedade envolvente. Somente o esporte possibilitará esse momento de respeito às diferenças e de promover a diversidade cultural étnica que caracteriza os indígenas brasileiros.

Carlos Justino Terena

                   

Jogos dos Povos Indígenas 2013 (Cuiabá/MT)
 
          A proposta para a edição de 2013 é reunir índios representantes de cerca de 40 etnias nacionais. As delegações disputarão dez modalidades esportivas e tradicionais presentes no cotidiano das aldeias. Arco e flecha, corrida de tora, natação, canoagem e arremesso de lanças são algumas delas. “Trata-se de uma tradição iniciada por nossos ancestrais, transmitida e atualizada de geração em geração, respeitando os valores e adquirindo o dom da partilha do reencontro entre parentes”, definiu o coordenador de Cultura e Esporte Tradicional Indígena, Carlos Terena (Fonte: Funai).
          Encerrando nossa explanação, falamos sobre diversos tipos de jogos indígenas que contribuem para nossa memória lúdica. E dentre eles, o jogo da onça, que foi jogado por todos os presentes.
                             Estudantes da Escola Estadual Elozira dos Santos Thomé
                                                Foto: Socorro Craveiro
         
           O PET-EF/UFAC agradece a recepção que tivemos na Escola Elozira Thomé.


[1] ALBUQUERQUE, Maria do Socorro Craveiro de. Brincando como antigamente: jogos e brincadeiras tradicionais. Rio Branco: MINC/PMRB/FGB, 2011.


[2] Os Jogos dos Povos Indígenas é um evento de competição esportiva criado em 1996  através de uma iniciativa indígena brasileira, do Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena (ITC), com o apoio do Ministério do Esporte do Brasil. O primeiro foi realizado em Goiânia, capital do estado de Goiás. O responsável pela articulação junto aos povos indígenas e a organização desportiva, cultural, espiritual e tradicional é o líder indígena  Marcos Terena, que também é fundador e presidente do ITC. Carlos Terena, irmão de Marcos, é o organizador executivo e um dos idealizadores dos Jogos.
 

 
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