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Abril Indígena no Colégio de Aplicação da UFAC

          Dia 14 iniciamos nossa programação do Abril Indígena no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Acre. Para tanto contamos com a colaboração das professoras de Educação Física Kelly e Alessandra que nos ajudaram na organização do trabalho, agendando os espaços, conversando com os demais docentes e informando aos pais. Pela manhã atendemos as turmas da polivalência. E no turno vespertino atendemos aos estudantes do Ensino Médio.
                                                 (Da esquerda para direita: Socorro Craveiro, Janete Cavalcante, Adriana Paiva, André Vidal, Kedma Carvalho, André Crinei, Bruna Rocha, Alessandra Viana, Kennedy Lima, Célia Collet).

             Começamos nos apresentando e explicando o motivo da nossa presença na escola: fazer com eles diversas brincadeiras indígenas e conhecer alguns brinquedos da cultura indígena.

         Fizemos algumas perguntas relativas à comemoração do dia do índio: a importância desses povos na cultura brasileira, como respeitar as diferenças e o que podemos aprender com eles.
             Para a realização de nossas atividades reparamos alguns brinquedos, dentre eles a peteca (feita com jornal e pintada com guache).

(peteca de jornal)

          Explicamos para as crianças que o jogo consiste em manter a peteca no ar, rebatendo sempre sem deixá-la cair.
                                                  

          Distribuimos uma peteca para cada um dos pequenos e deixamos que eles experimentassem, inicialmente sozinhos.



                    E depois em duplas. Eles se divertiram.

         
                  Vejam abaixo esta pose especial das crianças do CAp/UFAC.
                                                                Meninas lindas.

                 Enquanto isso outro grupo de bolsistas estava na biblioteca ensinando o jogo da onça.
(Alana e Wendel)

(Jefferson)

A professora Célia ficou na sala ambiente e apresentou um vídeo e um mito indígenas.
(Celinha)
             Os estudantes do 9o. ano ficaram muito concentrados e jogaram diversas partidas do jogo da onça.

            
             Nossa ex-bolsista do PET-EF/UFAC e, atualmente professora do CAp, sempre participante.
(Alessandra)

A briga de galo fez sucesso.


              Nosso muito obrigado à todas as crianças do CAp por este dia tão divertido.
                                                                    (Kedma)
         
                                                     
                                                         
                                                             

                                                                    
                                                                  

                                                                        

Preparação Abril Indígena

                Dia 24-03 começamos nossa preparação para o evento já tradicional que realizamos em parceria com o PET-Indígena (Conexões de Saberes), o Abril Indígena.
               Nossa oficina aconteceu na Sala de Dança do Curso de Educação Física/UFAC, onde pudemos organizar nosso planejamento, cronograma, executar as atividades e testar os materiais para os novos brinquedos que iremos utilizar.
                 Partimos da pesquisa realizada pela Profa. Dra. Artemis Soares[1], junto aos povos Tikuna do Alto Rio Negro (AM). As brincadeiras envolvem uma boa variedade de formações como colunas, fileiras, rodas, e ações como corridas, pega-pega e esconde-esconde, utilizando figuras de animais locais como o gavião e a onça além de figuras mitológicas como o curupira.
               Começamos com a brincadeira "sol e lua" ou "üacü rü tawemüc’ü". Segundo a professora Artemis:

Essa brincadeira também é conhecida em outras localidades com outros nomes como Passará de bombaré. As crianças ficam dispostas em coluna por um, segurando na cintura do que está à frente. Duas outras crianças, representando o sol e a lua, fazem uma "ponte", mantendo as mãos dadas acima. Cantando, as crianças passam sob a ponte várias vezes. Numa das vezes o Sol e a Lua prendem o último ou os dois últimos. Perguntam-lhes para que lado querem ir. A criança escolhe e vai colocar-se atrás do Sol ou da Lua. E assim continuam até terminar. Quando todas as crianças passam, têm-se dois partidos. A duplas mantém os braços dados, e todos se mantêm segurando na cintura do colega da frente. Vão puxar-se, para ver que partido ganhará. Ganhará aquele grupo que conseguir "puxar" o outro. E puxam várias vezes, marcando ponto para quem consegue derrubar ou desarticular o outro partido. Nesse jogo vê-se não somente o uso da força. Surge a questão do poder de decisão, que é colocado em evidência. É dada à criança a opção de escolha do partido ao qual quer pertencer. Além disso, é também trabalhada a noção de equipe, de conjunto, pois é todo um partido fazendo força para puxar o outro partido.

(sol e lua)

               Em seguida brincamos de "gavião e galinha" ou "o’ta i inyu". De acordo com a professora Artemis:
Uma criança mais forte é escolhida para ser o gavião, ave forte e comedora de pintinhos. Outra criança representa a galinha, que fica de braços abertos, tendo atrás de si todos os seus pintinhos. O gavião corre para tentar comer um dos pintos, mas só pode pegar o último. A galinha tenta evitar dando voltas e mais voltas, impedindo que o gavião pegue seu pintinho. O gavião só pode pegar o pinto pelos lados e não pode tocar por cima. Quando ele consegue, come o pintinho, ou seja, a criança fica de fora da brincadeira. Algumas vezes a criança passa a ser também gavião.

(gavião e galinha)

               Fizemos então um momento de discussão da vivência e descontração do grupo para retomar com mais vontade de brincar e aprender.


                    Brincamos também de "melancia" ou "woratchia". A pesquisadora  Artemis Soares relata que:
As crianças representam as melancias, espalhadas pelo terreno. Existe o dono da plantação de melancias, que fica cuidando, com dois cachorros. Existe outro grupo, que representa os ladrões, que vêm devagar, e experimentam as melancias para saber quais estão no ponto de colheita, batendo com os dedos na cabeça das crianças. Quando encontram uma melancia boa, saem correndo com ela. É aí que o cachorro corre atrás do ladrão para evitar o roubo.
                                                                     (melancia)
              
Depois passamos a fazer a brincadeira "briga de galo" ou "ota arü nü". Soares informa que:
As crianças organizam-se aos pares, em apoio numa das pernas, segurando no tornozelo da perna livre flexionada para trás. A outra mão fica ao peito. Ao sinal, uma criança tenta desequilibrar a outra, empurrando com o ombro. Ganhará aquele que conseguir ficar mais tempo em equilíbrio, ou seja, aquele que levar menos tombos. Vê-se que este é um jogo de disputa acirrada. Entram aqui as qualidades de equilíbrio, força e atenção. Cada criança quer manter-se de pé, e faz de tudo para derrubar o colega. Um não pode perder o controle sobre o outro, sob pena de ser derrubado.

                                                                     (briga de galo)
               Os bolsistas do PET-Indígenas nos ensinaram a fazer diferentes trançados do jogo conhecido como "jogo da vida", "cama de gato", "jogo do fio".



               A professora de Educação Física Denise Guerra[1], nos informa que:

A cama-de-gato é uma brincadeira com barbante. Consiste em trançar um cordão entre os dedos das duas mãos e ir alterando as figuras formadas. Os vestígios históricos apontam sua origem provável para as regiões asiáticas, africanas ou ainda para os povos pré-colombianos das Américas. A brincadeira é praticada em diversas partes do mundo. Atualmente nossas crianças brincam trançando elásticos nas pernas que poderia ser uma versão mais moderna do jogo dos fios.
A brincadeira pode ser feita por uma pessoa apenas, mas, também pode ser feita em duplas, trios ou grupos maiores.


               Estiveram conosco neste dia, além dos bolsistas a tutora do PET-Indígena - profa. Célia Collet - e a profa. Aleta Dreves, colaboradora do PET-EF desde 2008.

                                                (Célia, Socorro, Aleta)

                             Foi mais um dia de trabalho e diversão.
                                                                


                                                      














              




[1]  Professora associada na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), atuando na área de Antropologia do Desporto, com ênfase em temas voltados a diversidade cultural e estudos sócio-culturais-desportivos, além de corporeidade e rituais dos povos indígenas e atividade física escolar. Graduada em Educação Física e Letras pela Universidade Federal do Amazonas, realizou mestrado em Educação Física pela USP e doutorado em Ciências do Desporto na Universidade do Porto. Realizou Pós-Doutorado (1) na Université Paris-Descartes (França), com investigação sobre “Jogos Tradicionais de Povos da Amazônia” sob a coordenação do Prof. Dr. Pierre Parlebas. Em seguida realizou Pós-Doutorado (2) na Université Rennes (França), onde desenvolveu estudos centrados na prática de futebol pelos indígenas. E atualmente realiza Pós-Doutorado (3), na Université Rennes, com foco na Didática da Ginástica Rítmica.

Petianas - Defesas TCC (Aleandra Morais)

     A partir de outubro/2011 começaram as defesas dos Trabalhos de Conclusão de Curso - TCC.



Nossas bolsistas concluintes da Licenciatura (foto acima) Kátia Araújo e Aleandra Morais foram as primeiras.   
      No dia 29/10, a petiana Aleandra Morais Peixe, apresentou o trabalho -
Os impactos do PET-EF/UFAC na comunidade Taquari (Biênio 2010/2011).

     Compuseram a banca junto comigo, a professora Jeane Moura, atual coordenadora do Curso de Educação Física e o professor Sandro Melo. A defesa aconteceu na Sala dos Professores.
     Abaixo acompanhem uma síntese do trabalho.
     Introdução: O estudo é um esforço de avaliação dos impactos do Programa de Educação Tutorial (PET) Educação Física da Universidade Federal do Acre na comunidade Taquari, biênio 2010-2011.
     Questão de pesquisa: Quais os impactos do PET Educação Física na comunidade Taquari?           
     Objetivo: Identificar e analisar os impactos – dificuldades e aspectos positivos – do PET Educação Física na comunidade Taquari.
     Metodologia: Este estudo resultou da combinação da pesquisa bibliográfica, documental e de campo. O método de trabalho foi a observação participante, supondo inserção do pesquisador no grupo a ser investigado.
     Dificuldades: Em pesquisa realizada por estudantes de Urbanismo da FAAO (SIQUEIRA et al, 2008[1]), tivemos acesso aos dados da situação socioeconômica do Bairro Taquari, com informações sobre a renda, moradia, grau de satisfação dos moradores em relação ao bairro, serviço de abastecimento de água e energia elétrica, coleta de esgoto e estrutura viária, onde se buscou dados que boa parte dos órgãos públicos não dispõem. Esses dados baseiam-se em um espaço amostral de cerca de 100 famílias, demonstrados em imagens que apresentaremos a seguir.



[1] SIQUEIRA, E.; CARVALHO, L.; HELENA, R.; MALAQUIAS, S.; HAMAGUCHI, S.; D’ALBUQUERQUE, S. Estudo Urbanístico da Regional I. Rio Branco, AC: FAAO, 2008.
     O bairro apresenta:
  • Infra-estrutura deficiente: As casas próprias constituem 80% do total de residências do bairro, outors 12% são alugadas e 6% são cedidas. No entanto, as moradias são construídas em áreas de encosta ou terreno alagadiço.

  • Saneamento inadequado (água captada de poços, ou diretamente do rio Acre, ou armazenada impróprio)

  •      A rede de esgoto não atende adequadamente as necessidades dos moradores. Boa parte foi desenvolvida pela comunidade. As soluções adotadas se dividem em: fossa, córregos, caixas coletoras, “pântanos”, e há, ainda, os tubos que levam os dejetos até o Rio Acre.
  • Urbanização precária: Embora parte das vias seja asfaltada ou tijolada não possuem calçamento para pedestres e a grande maioria constitui-se de "trapiches" sobre terrenos alagadiços.

  • Falta de espaço para as práticas da cultura lúdica: A quase inexistência de equipamentos ou sua baixa utilização implica na marginalização das comunidades ali residentes. Em muitos casos parte dos equipamentos que foram encontrados estão sem condições de uso, sendo utilizados por marginais, afastando a comunidade destas áreas de lazer.
     Pontos positivos: Destacamos alguns aspectos que foram trazidos pela presença do PET-EF na comunidade Taquari:
  • Alto grau de satisfação nas crianças envolvidas nas atividades
  • A mudança de hábitos e comportamento das crianças freqüentadoras do projeto.
  • Melhora no rendimento escolar.
Envolvimento da comunidade na resolução dos problemas


  • O aumento da  procura para participação no programa,com abrangência de faixas etárias.

  • Melhor e maior nível de compreensão e envolvimento nas atividades.
  • Construção de uma relação de amizade com a comunidade.
  • Aumento do número de participantes.
     Considerações finais: proporcionar às crianças e à população local, momentos de alegria e satisfação tanto pessoal, quanto social para a quebra da rotina diária. Assim, as políticas públicas devem ser construídas com base nos interesses e necessidades do conjunto da população. Por sua vez, essas vivências precisam ser definitivamente entendidas como direitos sociais e, portanto, são obrigações do governo. Acreditamos que um dos caminhos possíveis para mudar tal realidade seria a construção de parcerias entre várias instituições, como fizemos no PET-Taquari, onde tínhamos suporte do MEC e Universidade Federal do Acre. Mas, também fomos recebidos na comunidade com apoio da Igreja Batista do Taquari, para fazer o melhor e oferecer-lhes não apenas lazer alienante por meio do descanso e do divertimento direcionado ao consumo, mas para que se oportunize a vivência do lúdico na sua forma mais ampla, entendida aqui como cultura vivenciada.

Palavras-chave: PET. Educação Física. Taquari. Linha de pesquisa: Políticas públicas.
Referências bibliográficas:




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